terça-feira, 14 de julho de 2009

O dia da virada


Poucos meses depois da separação eu estava naquela fase: uma semana super bem e outra deprê total. Ainda faltava prática na arte da paquera e minha confiança também estava abalada, apesar de sentir que estava na minha melhor fase como “mulher” e valorizar muito mais meu corpo e minhas ideias. Mesmo assim, isso não estava ajudando nos relacionamentos. Vou escrever um post sobre essa estranha sensação que transforma a mulher aos 30 anos do dia para noite. Bom, a questão é que eu não estava transmitindo essa energia de confiança para os homens, justamente porque eu não estava pronta para isso.

Numa dessas semanas péssimas, de total insegurança: financeira, amorosa e de auto-estima, que passei dois dias trancafiada em casa (chorando) e ainda me habituando a solidão de morar sozinha, uma amiga me resgatou e fomos dar umas voltas e encontrar outras duas amigas em um boteco com nome de santo. O trio poderoso: pó, lápis e batom deram um jeito naquela cara péssima e eu disse para mim mesmo: sai desse fundo do poço. Foi como girar a chave e pisar fundo no acelerador. Consegui rir e me divertir, mas o mais interessante foi que, a partir daquele momento, me abri para o mundo, ou melhor, para os homens. Essa situação ficou marcada para mim como o dia da virada.

Eu nunca tinha visto tantas piriguetes em um mesmo lugar, inclusive as hostess, mas isso não me incomodou. Na primeira oportunidade tirei o meu bloco da “sorte” e escrevi um recadinho para um gato que avistei. Um simples bilhete trouxe-me uma experiência maravilhosa e a minha primeira internacional, isso mesmo, o moçoilo era português, estava no Brasil a trabalho, e o “torpedo” que eu tomei a iniciativa de enviar não trouxe resultados no bar, mas uma ligação mais tarde criou uma expectativa enorme. Depois disso, foram muitas mensagens, emails, telefonemas até o primeiro encontro.

Sabe o que foi mais interessante? Eu sabia muito bem quem ele era, afinal bastou ele passar por mim para arrancar suspiros, mas minha descrição foi tanta que ele não deve nem deve ter percebido minha presença. Será? Não sei, na verdade ele nunca me revelou a verdade e preferi deixar assim mesmo.

Ele estava prestes a chegar ao Brasil e me mantinha informada de cada detalhe, mas eu, tentando fugir da situação e também não me envolver, me mostrei indiferente. Não atendi ao primeiro chamado dele. Pois na segunda lá estava o bonitão no MSN, mas agora não há kilometros de distância, pertinho, muito perto por sinal. Combinei de pagar o famoso café, que foi o combinado na nossa primeira conversa por telefone naquele dia “D”. Mas eu tinha a estranha sensação que eu arrumaria uma desculpa para fugir da raia.

O destino me pregou uma peça e tanto nesse dia. Eu estava almoçando com o pessoal do trabalho quando meu telefone toca. Era ele. Atendi animada, mas eis que ele me pergunta: você por acaso está almoçando na praça de alimentação? Eu respondo: sim, mas ok, até aí qualquer um poderia chutar, mas ele acrescentou: e está vestida desse jeito (descreveu todos os detalhes, com elogios surpreendentes). Nossa, na mesma hora me subiu um calor e quando olho para frente ele estava me olhando, do outro lado do corredor. Ele conseguiu me deixar sem graça.

Juro que eu não imaginava esse ser o nosso primeiro encontro, mas depois de quase um mês que eu havia visto ele pela primeira vez (e ele acho que me viu pela primeira vez naquele momento) não me surpreendi com tamanha audácia de ter mandado aquele famoso bilhete. Afinal ele realmente era estonteante. Tive que concordar em um jantar e eu super preocupada em sair pela primeira vez com um total desconhecido planejei tudo: fui sozinha com o meu carro, marquei em um lugar público e me certifiquei de avisar uma amiga. Tudo certo, o que mais poderia dar errado?

Mas deu errado, de certo modo. Bastou Joaquim* sentar a minha frente na mesa que eu percebi o que faz uma atração fatal por uma pessoa. O olhar, o sorriso, as palavras, tudo me levava a quase cometer a minha maior loucura: pular em cima dele. Era só isso que eu pensava em todo o momento que falávamos, mas me segurei e como me segurei. Consegui me segurar até deixá-lo na porta do hotel, a partir dali foi tudo muito melhor do que eu pudesse imaginar. Foram só beijos, mas bastaram para me deixar nas nuvens por alguns dias. A partir desse dia passei a ser devota do “Santo Bilhete”.

*os nomes utilizados nos relatos são fictícios.

9 comentários:

Andarilho disse...

Faço votos que mais mulheres se tornem devotas do São Bilhetinho. ;)

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Adoro essa história, Nikita.

Arrasou!!!!

Beijão,

Bela - A Divorciada

dpl_daniela disse...

kkkk façao parte dessa história... ainda bem q joguei a dica em amiga...

Nikita Ferraz disse...

Dani! Você foi um anjo aquele dia. Me levantou e ainda por cima motivou a tomar a iniciativa.
Foi tudo!!!
Beijos

Renata Rodrigues disse...

Adorei seu blog! Já coloquei no meu recomendando!!! Sucesso!

Renata Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pitty disse...

Nossaaaa,
Bilhete sucessoooo esseeee......
" Santo Bilhete "
Pitty - Ssa

Anônimo disse...

Lindona,
To adorando seu blog(...), muito interessante rs, vou adquirir o ''Santo Bilhetinho'' quem sabe nao funciona comigo também né? rsrs
Beijokas
Amanda

Vê Guimarães disse...

Ai que história deliciosa... Uma vez fiz isso tb, mas me dei mal hehehehe. Coloquei o bilhete na mochila de um rapaz no onibus e na verdade ele estava carregando pra um colega tão feio... rsrs